Friday, July 17, 2009

Maternidade e Paternidade

Por Adriana Tanese Nogueira
9 de Novembro de 2004


"A maternidade está se tornando sempre mais uma escolha consciente das mulheres. Devido à grande responsabilidade, trabalho braçal, investimento emocional que ela implica, este fato deve ser considerado um avanço indiscutível da civilização. Escolher ser mãe produz uma qualidade de maternidade diferente. Contrariamente aos clichês sentimentais sobre a maternidade, vida de mãe é dura, trabalhosa e desgastante. Somente quem sabe passar por isso e assumir essa carga pode provar as delícias que a maternidade reserva, a beleza de ver um/a filho/a crescer, se desenvolver, brotar e florescer, a satisfação de saber que se tem contribuído para isso. Somente quem assume responsabilidades sabe da gratificação que dá o desafio vencido.

Antigamente se acreditava que as mulheres nasciam sabendo ser mães e que o amor materno era inato. Esta idéia foi desmentida por inúmeras experiências de mulheres e filhos. O amor materno, como todo amor, é algo que se constrói. Nem todas as mulheres sentem de imediato todo o amor que se espera delas (e se a maternidade não foi escolhida, como poderão amar de verdade?). A maternidade exige tanto da gente que não se pode entrar nela impunemente sem sofrer transformações e estas serão mais bem vindas quando escolhidas e não impostas.

Toda relação de amor implica num grande investimento de tempo, de emoções, sentimentos, pensamentos. Cada mulher deverá então descobrir seu jeito de ser mãe: isso se aprende. A maternidade nos põe cara a cara com nossas idealizações e nos permite realizar uma síntese entre aquilo que desejamos e aquilo que podemos, por isso nos faz mais maduras e seguras. Entretanto é preciso que as mulheres tenham esse espaço de desenvolvimento e de (auto)descoberta. A maternidade pode ser uma nova etapa de crescimento ou um afundar-se em antigas mazelas não resolvidas.

Os pais, por sua vez, estão cada vez mais se aproximando do universo da paternidade visto por um novo ângulo: não mais o pai que só trabalha, distante e inexpressivo ou amedrontador, mas um pai amoroso, firme e compreensivo. Para ele também a paternidade está se tornando cada dia mais uma escolha consciente, uma experiência de crescimento a ser escolhida e exercitada como autodescoberta.

Apesar do mundo do mercado exigir tanto de mulheres e de homens, a qualidade do futuro humano vai depender de como saberemos fazer nascer, criar e cuidar de nossos filhos. Resgatar o parto como evento das mulheres, do casal e das famílias leva conseqüentemente a tirar a maternidade e a paternidade das amarras de estereótipos que aprisionam mulheres e homens a papeis sócias e psicológicos pré-concebidos, estanques e estéreis. É preciso coragem, informação e.. por que não? alegria!

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